terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Capitulo 10




VISÃO MÓNICA



As aulas terminaram e eu e a Andy fomos para casa almoçar. O Chelsea tinha tido treino de manhã, por isso, o David foi ter connosco depois de almoço.
-Oi mininas! - cumporimentou-nos ele, ao chegar junto de nós, na esplanada onde tinhamos combinado.
-Olá! - respondemos as duas.
-Vamo andando?
-Sim - respondeu a Andy. Fomos até ao carro dele e seguimos para casa do mesmo.
Ficámos algum tempo à conversa, na sala, sempre com muitas gargalhadas.
-E qu'qui cês dizem de um joguinho na playstation? Quem ficar em primeiro dos três paga a próxima chamada pro Rúben!
-Vamos a isso! - sorriu a Andy.
-Agora faltava aqui ele para saltar do sofá e agarrar primeiro o comando - comentei. Todos rimos.
-Cê tem razão. O manz é viciado pra caramba!
-Iihh, fala aquele que aprende a ficar viciado com o viciado! - sorriu a Andy.
-Que boca tão à Rúben, Andy - comentei a rir.
-É, cê já aprendeu umas coisinhas com ele. Já não chegava ele - gozou o David.
-Olha, vamos mas é jogar! - respondi.
Que ganhou foi o David, obviamente. A Andy até jogou bem, mas eu, simplesmente não joguei, estraguei o jogo. Só fiz uma ou duas coisas certas e já fui com sorte.
-Vá, agora liga lá ao Rúben e mete em alta voz - pediu a Andy. O David ligou.
-'Tou - atendeu o Rúbén com uma voz pachorrenta.
-Iihh, qu'qui cê andou fazendo manz? - riu o David.
-Nem venhas, David. O mister marcou o treino para hoje de manhã, por isso, assim que cheguei atirei-me para a cama. Até agora tu decidires chatear-me, né?
-Eish, uma pessoa já não pode querer fazer uma surpresa pra você!
-Surpresa? Eu estava a dormir.
-Tá bom, então, mininas, acho qui a gente vai só dizer um tchauzinho pro Rúben e deixar ele continuar dormindo, né - gozou o David, sorrindo para nós.
-Quem é que vai...? O quê? As raparigas estão ai?! - perguntou o Rúben, parecendo que despertado.
-Tão. E tão ouvindo todas as babuseiras qui você tá dizendo - riu o David.
-Ah, ok... Então isso está em alta voz... Olá meninas!
-Olá - rimos eu e a Andy.
-Eu não sabia que vocês também estavama ai... - disse o Rúben, meio embaraçado.
-Sim, nós percebemos Rúben - riu a Andy.
-Andreia! - exclamou o Rúben, transparecendo uma evidente alegria por ouvir a voz dela.
-Sim, sou eu!
-Como é que estás?
-Eu estou bem, e tu?
-Também, também. Olha, desculpa não te ter ligado onte, só que durante o dia não tive tempo nenhum e à noite a Inês passou por cá...
-Oh, não tens de pedir desculpas. Se não deu, não deu.
-Olha gente, eu qui tou gastando, e desculpa tá enterrompendo essa conversa a dois, mas eu também quero falar com esse babaca ai! - interrompeu o David.
-Cála a boca seu cara de cú! - respondeu o Rúben do outro lado da linha.
-Ai, agora eu qui não quero mais falar com ele não! Mónica, cê quer dizer alguma coisa pra ele? Não? Então tá bom. Andreia cê quer dar um tchauzinho pra ele antes de eu disligar? - disse o David, fingindo-se ofendido, mas fazendo um tremendo esforço para não se desmanchar a rir.
-Ai, não mano! Eu estava a brincar! Não desligues! - pediu o Rúben, meio aflito.
-Tchau, Rúben!
-David! - chamou o Rúben, pensando que seria a última palavra dirigida a nós os três neste telefonema.O David aguentou um pouco, mas depois desmanchamo-nos a rir e ele voltou a dirigir-se ao Rúben.
-Eu tava zoando com você, manz! - disse o David ainda a rir.
-Ai David! Isso não se faz, então!
-Assustou, foi? - riu novamente o David.
-Pois assustei, então! Mas vai, não estavas ai a querer falar comigo? Chuta ai, então!
-Era mesmo só pra chatear um pouco você! Cê pode ser o maior chato, mas você faz falta aqui manz!
-Ai, daqui a nada vais começar a chorar! - riu o Rúben.
-Tá bom, não digo mais nada!
-Então e não está ai mais ninguém? Mónica, estás boa?
-Estou.
-Estás ai tão calada! Não te deixam falar, não é? - Eu ri.
-Ai oh Rúben! - disse a Andy. Ouvimo-lo a rir também.
-Bom, é, gente cês vão mi desculpar, mas vou desligar mesmo, agora. Desculpa ai manz, mas cê sabe qui não fica barato não
-Olha lá, se fosses esperto tinhas ligado do fixo cá para casa e tinhas pelo menos uma hora para falar oh - disse o Rúben ao David.
-Agora já foi, né.
-'Tá bem 'tá. Então vá, adeus meninas.
-Adeus - respondemos as duas.
-Tchau manz - despediu-se o David.
-Tchau.
-Bem, e nós temos de ir embora, David - disse a Andy, levantando-se.
-Prá onde?
-Para o trabalho - respondi.
-Trabalho? Como assim? - perguntou ele, confuso.
-Sim. Arranjámos um part-time. Convém, senão quem é que nos paga as propinas, na Faculdade? - respondeu ela.
-Ah, tá bom. Mas cês sabem qui se vocês precisarem de alguma coisa, cês sabem qui podem falar com a gente! - ofereceu-se o David com um grande sorriso.
-Sim, sim - disse a Andy, revirando os olhos.
-Mas eu tou falando sério, mininas. Vocês sabem qui podem contar com a gente. Eu sei qui a gente si conhece faz pouco tempo, mas a gente confia em vocês. - disse ele com um sorriso sincero.
-Nós sabemos, David. E obrigada por confiarem em nós - disse eu sorrindo.
-Prometemos que vamos fazer os possíveis para não vos desiludir - prometeu a minha melhor amiga, falando pelas duas.
-Tenho certeza qui não vão disiludir - sorriu o David. Sorrimos.
Depois saímos para o carro da Andy e fomos embora.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Capitulo 9



Cheguei ao aeroporto e já lá estavam os jornalistas. Respondi apenas ao essencial, que já estava bem e tinha recuperado quase totalmente da lesão e tinha ido recuperar para junto do meu amigo David Luíz, visto que já não estava com ele à muito tempo. Depois consegui, finalmente, seguir para casa. A minha mãe e o meu irmão já estavam em minha casa à minha espera. E a Inês estava com eles.
-Filho, já chegaste! - correu a minha mãe a abraçar-me.
-Mãe! Que saudades! - abracei-a também.
-Então mano, esse joelho já está pronto para outra? - perguntou-me o Mauro, dando-me também um abraço.
-Claro! Já está pronto para outras!
-Aii, queres partir-te todo ou quê? - riu ele.
-Está descansado que se partir tenho quem fique ao meu lado - sorri.
-Como é que correu a viagem? - perguntou a Inês.
-Bem - respondi, e como pessoa bem educada que sou e também pelo bom sentimento que nutria pela Inês, mas que sinceramente, nesta altura já não tinha a certeza se era amor ou só uma grande afectividade derivada do amor que em tempos senti por ela tão acesamente, dei-lhe um beijo no rosto e um leve abraço. A minha mãe e o Mauro ficaram surpreendidos com aquele gesto, pois esperavam que nos beijássemos e nos abraçássemos fortemente, como costumava ser, mas disfarçaram, fazendo várias perguntas sobre as ''mini-férias''. Senti que a Inês se retraiu um pouco, mas conteve-se nas palavras. Entretanto a minha mãe teve de voltar para o spa e o Mauro tinha uns assuntos para resolver. A Inês ficou. Preparei um lanche para nós e ficámos na sala a conversar.
-Rúben, porque é que me cumprimentaste daquela maneira? - perguntou ela, após uma breve pausa na nossa conversa. Eu  respirei profundamente.
-Porque acho que antes de tudo devemos conversar - respondi-lhe.
-Conversar sobre o quê?
-Vá lá Inês, não compliques.
-Eu não estou a complicar, Rúben. Não disseste que não querias conversar mais sobre esse assunto e que a tua decisão já estava tomada? Então acho que sobre isso não há mais nada que tenhamos de conversar - respondeu-me muito séria.
-Sabes perfeitamente que nunca ponderei sair sair. Sabes que é aqui que pertenço.
-É aqui que pertences?! Só se for com o cú colado aqueles bancos do Estádio! - ela aumentou o tom de voz. Era melhor pôr termo ao assunto, caso contrário voltaríamos a discutir forte e feio.
-Inês, eu percebo o que tu estás a dizer, e sim também acho que deviam dar-me mais utilidade, deviam deixar-me jogar mais vezes e deixar-me mostrar o que valho, mas acho que TU também devias tentar perceber mais o meu lado. Acho que já estás ao meu lado à tempo suficiente para saberes que não sou capaz de deixar o clube que me formou e passou a ser parte da minha vida e de mim.
-E eu percebo-te, Rúben - falou calmamente.
-Eu ainda acho que não, Inês.
-Oh amor, se eu não perceber totalmente tu ajudas-me.
-E achas que vais mesmo perceber, se eu te tentar mostrar?
-Sim.
-Não sei porquê, mas não estou tão confiante nisso, Inês. Já viste quantas vezes eu tentei fazer isso, e viste como é que isso terminou? Em discussões! E eu estou farto de discutir, Inês! Farto.
-Eu também, Rúben. - Ambos ficámos calados. Estas palavras, mesmo sendo poucas, tinham-me deixado exausto. Cada vez estas discussões me desgastavam e me destruíam mais interiormente. - Amor, podemos esquecer este assunto, por favor? Chegaste hoje e estou a morrer de saudades tuas. Por favor - pediu-me, sentando-se mesmo junto a mim.
-Não sei, Inês. Cada vez que ''esqueço'' o assunto discutimos ainda mais na vez a seguir.
-Eu prometo que não vou mais contestar-te nem falar sobre isto, se não quiseres.
-Todas as vezes que prometes não cumpres.
-Desta vez é diferente. - Respirei novamente fundo.
-Está bem... - acenti, embora não acreditasse verdadeiramente que não se voltasse a repetir. Ela sorriu.
-Obrigada, amor - disse ela, partindo para me beijar. Desviei-me. - O quê, agora vais continuar a negar-me um beijo?! - perguntou, indignada.
-Inês, por favor...
-Já não gostas de mim? Foi por isso que recusas-te o meu beijo?!
-Inês, não é nada disso...
-Não é o que parece!
-Inês... - voltei a tentar explicar-me, mas ela voltou a interromper-me.
-Se ainda gostas de mim, deixa-me beijar-te! - e voltou a tentar beijar-me. Não voltei a recusar. O meu interior estava confuso e eu precisava de perceber se ainda amava a mulher que estava agora sentada em cima de mim, da mesma maneira. Acho que isto foi a única coisa que ecoou na minha cabeça, enquanto deixava os meus lábios tocarem os dela e depois enquanto nos amávamos. Durante todo esse tempo e o decorrer da tarde mantive-me sempre num estado irracional inconsciente. Não conseguia pensar. O meu cérebro tinha bloqueado. Queria descobrir o que sentia. Procurava-o dentro de mim, mas estava difícil de encontrar a resposta. Talvez estivesse a procurar no sitio errado.



Desculpem ser tão pequeno, mas não consegui escrever muito esta semana :s
Espero que gostem :)
Beijinhos
Mónica

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

1.000!!


Queria agradecer por ter conseguido mais de 1.000 visitas em tão pouco tempo, coisa que não teria acontecido se vocês não tivessem visitado o meu blog, por isso, muito obrigada! É importante saber se estão ou não a gostar do que escrevo, por isso comentem a dar a vossa opinião e também podem dar sugestões para que possa modificar algo de modo a melhorar o meu blog. Muito obrigada a todas :D  E já agora, mais uma vez, muito obrigada Diana! Ajudaste-me muito e tiveste muita pacência comigo :)   E claro, obrigada à minha melhor amiga por me ajudar tanto e me fazer rir tanto com a nossa maneira de ver as coisas xD
Espero que continuem a visitar o meu blog e que continuem a gostar de acompanhar a minha história :)

   Beijinhos
   Mónica :)

Capitulo 8 (parte II)




Almoçámos animadamente e depois ficámos à conversa e a ver televisão. O assunto voltou a ser futebol.
-Ah, mas é sim! É bem melhor ver o jogo da bancada qui do sofá! Eu por acaso falei pra Mónica qui vocês duas tinham de ir ver um jogo lá no Estádio. Ela ficou bem pensativa quando eu falei na equipe, qui vocês tinham de conhecer o plantel do Benfica… - Eu comecei a rir-me, mas sem demonstrar muito, no entanto não lhes escapou.
-Qual é que é a piada? Não gostavas de os conhecer? – perguntou-me o Rúben.
-Si eles forem chatos como você, não, né Rúben! – riu o David, gozando.
-Cála a boca seu cara de cú! Mas diz-me lá, não gostavas de os conhecer? – respondeu o Rúben ao David, e voltou a fazer-me a pergunta.
-Gostava, claro que gostava. E a Mónica também… - disse eu com uma voz meio insinuosa.
-Iihh, qu’qui foi esse tom de voz ai no finzinho?
-Nada – respondi.
O telemóvel do David tocou e ele foi atender.
-Vá, agora diz-me lá a mim o que é que foi aquele tom de voz – pediu-me o Rúben.
-Aah…
-Diz lá.
-Lá.
-Oh, não era para dizeres lá, era para me contares porque é que fizeste aquele tom.
-Pff, está bem. Mas tu livra-te de abrires a boca para dizeres a alguém!
-Podes ficar descansada, não vou abrir a boca para contar a ninguém – sorriu.
-A Mónica acha um dos jogadores do Benfica giro.
-E quem é?
-Isso agora já não te posso dizer.
-Vá lá.
-Não.
-Porquê? Sou eu?
-És, és muito convencido, és.
-Ah! Não sou nada! Mas se não me dizes quem é tenho de tentar adivinhar.
-Claro, e tinhas de ser o primeiro da lista.
-Oh, vá lá, diz-me lá quem é.
-Que idade é que tens mesmo, Rúben?
-Hã? – perguntou-me, confuso.
-Maçã.
-Oh, o que é que disseste?
-Perguntei que idade é que tens.
-27. Mas tu já sabias isso, porque é que estás a perguntar?
-Parece que tens 12.
-Aii, agora foste mesmo má, Andreia! Porque é que dizes isso?
-Porque estás sempre a pedir ‘’vá lá’’, e isso é o que as criancinhas fazem.
-Oh, isto é só curiosidade.
-Curiosidade de menino… - sussurrei.
-Mas vais dizer-me quem é ou não?
-O Rodrigo.
-O Rodrigo? Hm.. está bem. – Eu ri-me da cara que ele fez. Então e tu?
A pergunta cortou-me o sorriso e deixou-me mei constrgida. Não queria responder-lhe àquela pergunta.
-Andreia?
-Hã?
-Não respondes?
-Ahh…
-É assim tão difícil?
-Não…
-Então…? – perguntou, expectante.
-Ahh… És tu, o Miguel, o Garay, o Javi, …
-Ah! Vês! Afinal eu tinha razões para me gabar!
-Mas estás a ser um bocadinho convencido, se calhar.
-Oh! Estou orgulhoso! Ou só tu e a minha mãe é que podem orgulhar-se de mim?
-Quem é que te disse que tenho orgulho em ti?
-Será que não tens? – perguntou, expectante, mas já meio certo da minha resposta.
-Bem, tenho. Mas é normal! És um defensor autêntico de um clube incrível. O amor e dedicação que demonstras por ele são merecedores de orgulho, ou não?
-O clube é claro que merece, mas eu já não sei. Quer dizer, há tenta gente que faz o mesmo que eu.
-Ninguém é igual a ti – deixei escapar para fora uma parte do meu orgulho e admiração pelo Rúben. Ficámos os dois a olhar um para o outro. Eu séria, ele com um ligeiro sorriso.
-Gente, a Mónica chegou! – disse o David, entrando na sala com a minha melhor amiga ao lado.
-Olá! – cumprimentou ela com um sorriso.
-Olá, olá! – respondeu o Rúben com um enorme sorriso.
-Grande alegria, hã! – disse ela a sorrir, sentando-se do lado esquerdo do Rúben.
-Sempre! – respondeu o Rúben, fazendo um sorriso ainda maior que o anterior. Como é que era possível este rapaz sorrir tanto desta maneira…
-Olha, eu não quero estragar esse momento de sorrisos e alegria, mas a gente tem de ir. Cê tem um voo pr’apanhar, manz.
-Tem de ser, não é? Então vamos a isso! – disse o Rúben levantando-se do sofá. Fomos todos para o carro do David e seguimos para o aeroporto.


VISÃO RÚBEN

Enquanto seguíamos viagem para o aeroporto, no carro do David, eu analisei algumas coisas. As últimas conversas com a Andreia, embora sempre com brincadeiras e parvoíces à mistura, fizeram-me ter a certeza que ela é uma pessoa espectacular. Sinto-me, não sei, sinto-me sempre tão bem quando falo com ela… É muito bom ter uma pessoa assim com quem conversar. E tenho o manz, que é o manz e não é preciso preciso dizer nada. Sei que posso contar sempre com ele e ele pode contar sempre comigo. E a Mónica parece igualmente ser uma pessoa confiável, divertida, séria, e bonita, assim como a Andreia… Tenho de falar com a Andreia para o Rodrigo e a Mónica se conhecerem. Acho que ela é uma boa pessoa para o puto, nem que seja uma amiga, melhor amiga… Melhor amiga. Acho que tinha acabado de ganhar uma. E sabia muito bem.
-Rúben! – chamou o manz.
-O que foi?
-Iihh, tava perdido fazendo o cubo mágico qui é a sua cabeça?
-A minha cabeça não é quadrada – respondi a primeira coisa que me veio à cabeça, o que resultou na risota total dentro do carro.
-A gente já chegou, manz. – disse o David, assim que conseguiu falar.
-Já? – perguntei, meio apático.
-Já. – respondeu-me o David.
Saímos do carro, tirei as minhas malas da bagageira e entrámos no aeroporto. Depois de fazer o check-in e deixar as malas no sítio certo, voltei para junto deles os três. Como só tinha cinco minutos tive de falar logo.
-Mónica. – comecei. Decidi começar pelo mais fácil. Ela olhou para mim, à espera. – És uma rapariga muito fixe. Adorei conhecer-te – sorri. Ela sorriu também. A pessoa do meio ia seer a mais complicada, por isso, ia deixar o David para o fim, para aliviar. – Andreia. – Ela olhou para mim. – És a pessoa mais fantástica que conheci nestes últimos tempos. Fazia-me falta conversar e estar com alguém como tu. Fazes-me bem. Acho que ganhei uma melhor amiga que já procurava à algum tempo. Obrigado – sorri.
-Não precisas de agradecer, Rúben. – respondeu ela a sorrir também, no entanto notei um brilhozinho turvo no olhar dela.
-David – chamei.
-Iihh, si é pra fazer chorar pode parar por aí. Cê sabe qui eu não gosto de chorar assim.
-É pá, mas tu deixas-me falar? A ti vou fazer um discurso mais soft, Vou só dizer-te que és o meu mano e podes sempre contar comigo. Ah, e obrigado pela estadia e por me teres feito o jantar e o almoço tantas vezes – ri.
-Cê não tem qui agradecer… ‘Pera lá! Cê disse qui fazia o jantar de hoje, mas você vai embora agora! Como é qui você vai fazer o jantar?! – Eu desatei a rir.
-Tu é que caíste nessa. Se tivesses pensado um bocadinho… - ri.
-Sempre zoando comigo, né Rúben? – riu ele também.
-Bem, está na minha hora. Já terminei os discursos, por isso, adeus pessoal. – Despedi-me de todos e prometemos todos ir falando. Entrei no avião. Agora tinha de descansar bem a cabeça, porque depois de aterrar em Lisboa, ninguém me ia largar. Incluindo a Inês…

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Capitulo 8 (parte I)


VISÃO ANDREIA

Cheguei rapidamente a casa do David.
-Olá - cumprimentei, chegando à sala com o David. O Rúben estava a jogar playstation, claro.
-Oh, babaca! - chamou o David.
-Cála-te oh cara de cú! - respondeu-lhe o Rúben sem tirar os olhos da televisão.
-A Andreia chegou! - informou o David.
-O qu... hã? - olhou para onde eu e o David estavamos. - Aah, desculpa... - sorriu meio que envergonhado e passando a mão esquerda na cabeça. - Olá - cumprimentou-me finalmente.
-E... é golo! - disse o David, olhando para a televisão. - Da equipe adversária. - finalizou a rir-se.
-Oh, porra! - precipitou-se o Rúben, voltando a pegar no comando da playstation. - Não, não, não, não, não! Ah, fogo... - largou o comando. O jogo acabou.
-E o Benfica perde em casa, nas mãos do Rúben - voltou o David a rir.
-Eh pá, cála a boca cara de cú! - reclamou o Rúben. Eu e o David rimos. - E tu também te ris? Ai, obrigadinho, hã! - disse o Rúben dirigindo-se a mim.
-Oh, oh Rúben, temos de admitir que teve piada. Se tu tiveses visto as tuas figuras! - disse eu ainda a rir.
-Há quem faça figuras piores.
-Tá bom, vai, a gente pára, né Andreia? - sorriu o David.
-Hm-hm. - respondi.
-Bom gente, qu'qui cês querem almoçar?
-Uma coisa qualquer - respondi.
-Nã, nã. Então, tens convidados, por isso tens de fazer um banquete.
-É , vai comer esse mundo e o outro, né Rúben?
-Não, não, mas eu estou a falar a sério. Podias fazer um borrego assado no forno, ou uma lagosta...
-Sapateira - ironizou o David.
-Ou então uma feijoada à transmontana ou um cozido à portuguesa - continuou o Rúben. Eu estava completamente desmanchada a rir, tanto das ideias e das caras do Rúben como das caras e das intejeições do David.
-É, cê tem razão manz. Isso é qui era uma boa refeição - disse o David, ''entrando'' na conversa do Rúben. Apoiou o seu braço direito no ombro esquerdo do Rúben.
-Se era... Os cozinhados da minha mãe é que são bons... - sonhou o Rúben, fechando os olhos.
-Não chama a sua mãe qui ela não é sua criada. Si você quer comer vai fazer, vai! - riu o David, dando um calduço ao Rúben. Eu tive de me amparar no sofá, de tanto rir.
-Ai! Olha ai! E eu não posso ir para a cozinha, sou um convidado! - disse o Rúben, passando a mão na nuca.
-Aí, cê é meu manz, cê já conhece os cantos da casa, cê até já partilhou casa comigo, por isso, cê pode cozinhar pra mim! - respondeu o David, esforçando-se para não se desmanchar a rir.
-Já te disse que não posso entrar na cozinha - argumentou o Rúben.
-Porquê? Porque é visita? Cê não é visita, manz, cê é familia!
-Porque... - tentou o Rúben.
-Ué, si fosse pra comer cê punha os pés, as mãos, a cabeça, o corpo todo na cozinha, agora pra fazer você já foge, né? Cê sabe muito.
-Nem imaginas quanto! - sorriu o Rúben.
-Até sei. Eu conheço você muito bem, não esquece. Não é por acaso qui cê é meu manz. - O Rúben riu-se.
-Exacto, então tu sabes o quanto eu te amo, e também sabes o quanto eu adoro que faças o almoço.
-Sacanagem feia, Rúben! Seu melhor amigo não é seu escravo não! - riu o David.
-Eu sei, manz. Mas faz lá o almoço, por favor. É só hoje.
-É, é só hoje, e amanhã, e depois...
-Eu faço o jantar, hoje.
-Ah, assim a gente já tá falando melhor.
-Ou encomendo-o... - sussurrou o Rúben. Eu ouvi e ri-me e o Rúben também.
-Qual foi a piada dessa vez? - perguntou o David.
-Foi só a cara do Rúben que me fez rir. Acho que não consigo imaginá-lo a fazer uma refeição sozinho que saia como deve de ser - ri.~
-Não acredito, Andreia! Estás a duvidar das minhas capacidades? - disse o Rúben, fingindo-se ofendido.
-Si eu fosse ela eu duvidava também! - riu o David.
-Cála a boca, seu cara de cú!
-Tá bom! Tou indo! As panelas e os tachos já devem tar mi esperando faz tempo! - riu o David, indo para a cozinha.
-Eu não acredito que tu foste capaz de duvidar de mim, Andreia. - disse-me o Rúben, fingindo-se desiludido.
-Preferias que eu tivesse contado ao David que estás seriamente a pensar em encomendar o jantar, e não fazê-lo?
-Shiuu! Fala baixo que ele tem bom ouvido! - sussurrou-me, a sorrir. Eu ri. Fomos sentar-nos a fazer zapping na televisão.
-A Inês voltou a ligar-te? - tentei saber, sem ser demasiado intrometida.
-Não. Felizmente não. Consegui algum descanso.
-Ainda bem - calei-me durante algum tempo. - Então e já sabes o que é que vais dizer, quando conversarem? Já decidiste se ficas no Benfica ou não?
-Pfff... Eu já disse à Inês milhares de vezes, eu não vou sair do Benfica. Por mais que o ambiente com o mister não fosse o melhor e não tivesse grande vontade de treinar com ele, no principio deste ano, o meu coração está no Benfica, a minha família, a segunda família, está no Benfica, a família que me faz feliz quer ganhêmos quer percamos, a família sem a qual não consigo viver. Se eu quisesse ter saído tê-lo-ia feito quando me deram oportunidade, quando muitos clubes se mostraram interessados, mas eu não consegui, porque é ao Benfica que eu pertenço e é a este clube que o meu coração há-de pertencer sempre.
Fiquei sem palavras. Agora eu tinha a certeza que o Rúben era benfiquista de corpo, alma e coração. O Rúben era o Benfica e o Benfica era o Rúben. Por melhores que fossem os outros clubes, nenhum lhe faria melhor do que o Benfica, clube que lhe ensinou a ser um dos melhores, ensinou-o a melhorar para além do melhor, ajudou-o a vencer maus momentos onde ele chorou, testemunhou momentos onde ele riu até chorar, o clube onde obteve inúmeras vitórias e onde também perdeu Taças, Ligas, Campeonatos, mas sempre com a cabeça levantada, porque o clube ensina a perder com um sorriso na cara e com uma sensação de satisfação por saber que deram o melhor do melhor e se não venceram foi porque Deus assim o quis. O clube que não é apenas nome, não é apenas a cor, não é apenas equipa técnica nem os jogadores, mas também a Nação que vive cada momento da maneira mais intensa, são adeptos ferranhos que se orgulham por entregar tanto amor a uma paixão reciproca e que os preenche. Fazia parte do Rúben e nunca mais iria deixar de fazer, porque entras nesta onda alucinante e ficas totalmente devota a ela e nunca mais irás deixá-la para trás.
-Também acho que é o melhor - acabei por concordar, ainda com dificuldade em pronunciar-me.
-Ainda bem que me percebes - sorriu-me honestamente. Sorri-lhe do mesmo modo.
-Oh gente! Eu faço o almoço, mas vocês podiam colocar a mesa, né? - interrompeu o David, indo à porta da sala.
-Sim David, vamos já - respondi.